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Chama-se inês com i pequeno e um dia vai ser bailarina de caixa de música ou cinderella profissional. Não gosta de palhaços e tem pavor a machucares de coração. Gosta de decalcar sentimentos e remexer em entranhas. Quando fica nervosa morde o lábio inferior ou finge tocar piano nas pernas. Tem o coração pequeno e os olhos grandes, tem os olhos muito grandes.

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9 Cubos de gelo
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sábado, 31 de julho de 2010
O dia tinha tudo para ser perfeito. Ia ver-te logo às 9 da manhã e estaria ocupada durante o resto do tempo. Tinha tudo para ser perfeito. Estivemos, e eu descobri que és tão eu. Me és semelhante em alma e ideais. Mas tu não. O meu sorriso foi esmorecendo até não passar de uma memória de outros tempos. Eram umas duas da tarde, e eu ainda estava perto de ti. Eram umas duas da tarde, e eu já não sorria. E até agora, o estado de espírito permanece. É assim que tenho a certeza que o meu afecto por ti foi longe demais. Já me afectas o humor, esse que é tão dificilmente manipulado. O dia tinha tudo para ser perfeito, devias ter deixado.
(p.s: o título não tem a ver, eu sei, desculpem. o texto não presta, desculpem isso também.
p.p.s: tive de me escapulir durante 5 minutos para escrever isto. o desafio vai ter de ficar em pausa, porque é mesmo praticamente impossível fugir do pessoal. Peço desculpa, actualizarei tudo depois.)

11 Cubos de gelo
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sexta-feira, 30 de julho de 2010
Talvez já nos tenhamos cruzado. Talvez estejas à espera do momento certo para me vires colar os estilhaços e sarar as feridas do corpo. Ou talvez isso nunca aconteça. Permaneceremos carne do mesmo corpo deambulando sozinhos por ruas sinuosas. Pertencemos à mesma alma, e nunca o saberemos. Bizarro o destino, não é? Não nos sabemos e no entanto aqui estou eu a escrevinhar-te. Somos um segredo bem guardado. És-me um apoio de índole e não fazes ideia. Seremos, um dia, confidentes de alma. Decerto. Provavelmente. Talvez. 
De uma qualquer Inês.
Letter #6 - to stranger.

8 Cubos de gelo
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quinta-feira, 29 de julho de 2010
Voltem. Da cor de vos pintei. Não se adulterem. São feitos de pasta de papel, lembram-se? Algodão doce sobre caramelo derretido.  Senti-vos, no último mês, mais do que nunca. Rasparam-me a pele dia sim dia sim. Não vos tentei apanhar, deixei de ser a menina ingénua que desesperava à vossa passagem. Rasparam-me a pele, esfolaram-me a alma, e eu fechei os olhos para vos sentir. Ali, a meu lado. Ali, perto do coração. Sentir-vos o calor anímico. Já não sou a menina que vos caçava como quem caça borboletas e vocês já não estão tão altos. Vi-vos desvanecer, e não desalentei. Sei que voltarão. Eu, eu vou-me tornando maior que a vida. E quando voltarem, não vos perseguirei. Esticarei antes as mãos ao céu.
Com carinho e saudades, 
Inês.
letter #5 - to your dreams.

9 Cubos de gelo
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
Esmagaste-me os sonhos. Emaranhei-me na deformidade de amor que te tenho, e é ridículo o quanto a chamada à realidade foi dolorosa. É ridículo ter deixado chegar ao ponto em que não suporto que ajas como se não te fosse nada, embora esse nada seja a única coisa que te sou. Quis chorar. Senti a fragilidade nos ossos e a debilidade no coração e, por momentos, odiei-te. Relembraste-me a instabilidade do meu ser. A fraqueza da minha alma. Apeteceu-me chorar. Quando não disseste o meu nome apeteceu-me rebentar em lágrimas e gritar-te o quanto me és. Talvez tenha sido essa a razão porque não me escolheste. Estou demasiada envolvida nisto tudo,  não é?


11 Cubos de gelo
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terça-feira, 27 de julho de 2010
Mano:
Não somos unha com carne nem desejamos a presença constante do outro. Chamo-te tudo, mas raramente te explico como tenho orgulho em ti. Deste-me o nome, mas depois disso deste-me a vida. Disseste, há 14 anos atrás, que eu fui o melhor dia de sempre. Miúdo inocente de mochila às costas, correste para o hospital para seres o primeiro a dançar comigo nos braços. E foste-o. Raramente o dizes, mas sei que possuis por mim um enorme carinho, conheço o orgulho que me tens. "she's my little sister. She's shy, but she's really strong inside. I tell her to give up on dance, but I know she never will. I never tell her this, but I believe she can do whatever she sets her mind into." Disseste ontem, baixinho, em conversa com a Mercedes. Rolou-me uma lágrima pelo rosto. Não quis que soubesses que tinha ouvido, iria ferir-te o orgulho. Encostei-me ao teu ombro e fechei os olhos. Gosto de ti como não gosto de mais ninguém, por tudo o que me és e me fazes ser. Se fossemos pessoas de abraços, dava-te um agora. Se fossemos pessoas de corações, eu dava-te o meu.
Da tua miúda mimada, nocas.
Letter #4 - to your sibling.

9 Cubos de gelo
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segunda-feira, 26 de julho de 2010
Não o admito, mas são vocês as mãos que me moldam. Desde os livros de poesia do pai aos reparos de consciência da mãe. Desde as conversas de fim de tarde ao colo a meio da noite. Nunca vos disse como aprecio as nossas sessões de leitura. Em que nos sentamos na sala, de livro na mão, em silêncio profundo. Por vezes paro e absorvo o momento. Estamos ali, os três, em silêncio, a ler. Estamos ali, os três, em silêncio, a falar. Fecho os olhos e sinto os vossos corações a embaterem nas letras impressas e penso como aqueles momentos nos aproximam de forma estonteante. Mais do que em qualquer diálogo, eu descubro-vos quando nos sentamos a ler. Apanhei-vos os gostos, sem me aperceber. A sensibilidade da mãe. A calma resguardada do pai. Aquele quê de compreensão silenciada de ambos. Não ouso mexer um músculo quando nos sentamos a ler, não vá o amor desvanecer do ar.
Beijinhos, a menina.
Letter #3 - to your parents.

13 Cubos de gelo
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domingo, 25 de julho de 2010
- Boa tarde menina!
- Boa tarde.
- O que vai ser hoje?
- O mesmo de sempre. Duas doses de afecto prensado para levar, por favor.
- A dose de ontem não chegou?
- Fazem-me muita falta lá em casa, você sabe como é.


15 Cubos de gelo
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sábado, 24 de julho de 2010
Se ao menos soubesses o que me és. Se ao menos pudesse contar-to em palavras consistentes de sentimentos intactos. De força na voz e precisão nos movimentos. Falar-te-ia do poder do teu sorriso. Como anseio, dia após dias, por os escassos momentos em que posso olhar-te directamente nos olhos. Em que me delicias com expressões e movimentos involuntários. Aqueles momentos em que me é permitido amar-te, nem que seja só a fingir. O instante em que me pertences, de corpo e alma e em que os teus lábios de carmim ficam perigosamente perto dos meus. Aqueles momentos em que seguras o peso da minha vida nos teus braços. Dir-te-ia como nunca conheci ninguém como tu. De natureza selvagem e coração de cetim. De encanto sentido desde o primeiro contacto. Gostava tanto que pudesses saber do afecto que te tenho. Mas sei que me sentes, em cada gesto ou respiração. E isso para mim é o bastante. 
Da Inês, daquela Inês.
Letter #2- to your crush.

9 Cubos de gelo
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sexta-feira, 23 de julho de 2010
- O teu cabelo está bonito hoje.
- E então, não me vais atirar com uma frase filosófica sobre ele?
- Não. Mas que tens cabelo de menina sentada em banco de jardim tens. Acho piada quando ficas ali, de mãos sobrepostas nas coxas deixando que o vento o embale. Fechas os olhos, na esperança que ele te incha os espaços vazios de alma. Ele abana tudo o que és, achincalha-te a alma e lá ficas tu, partida em pedaços, menina de cavidades no coração visíveis a olho nu, menina de cabelo intacto. 
- Isso conta como frase filosófica.
- Desculpa.
A carta para a crush fica para amanhã, está bem? Magoaria muita gente hoje. 

13 Cubos de gelo
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quinta-feira, 22 de julho de 2010
Lis,
É um erro dirigir-te esta carta. Amigas, nunca o fomos. Éramos antes pedaços da mesma alma. Eras tudo o que eu calava em expressões mudas e eu era tudo o que remexia com o teu ser. Então permanecíamos confidentes de acasos de coração, figurinos principais. Ninguém parecia compreender a razão de todo o carinho que nos ligava. Nunca compreenderam a tua ingenuidade de criança danificada que se cansou de ver o mundo com olhos de ver como também nunca compreenderam a minha frieza calculista de quem se danificou ao sonhar. Nunca compreenderam como estavas, à tua maneira, tão danificada quanto eu. E eu tão danificada quanto tu. 
Sempre que me falam em doçura em penso em ti, minha jasmim, de caracóis ao sabor do vento e coração inflamado em lágrimas. Aqui só para nós, às vezes fecho os olhos com força e chamo por ti. Imagino-te a cantar uma das tuas canções de embalar e a afagar-me os cabelos. Porque eu também preciso de ser embalada, e só tu o sabes como ninguém. A papoila ainda cá está, tens de vir cá vê-la, que ela morre de saudades do teu sorriso. Tal como eu.
Da Inês, da tua Inês.
Letter #1 - to your best friend.

6 Cubos de gelo
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quarta-feira, 21 de julho de 2010
Ora finalmente um desafio que me enche as medidas. Começarei amanhã.
#1 LETTER TO YOUR BEST FRIEND
#2 LETTER TO YOUR CRUSH
#3 LETTER TO YOUR PARENTS
#4 LETTER TO YOUR SIBLING (OR CLOSEST RELATIVE)
#5 LETTER TO YOUR DREAMS
#6 LETTER TO A STRANGER
#7 LETTER TO YOUR EX-BOYFRIEND/GIRLFRIEND/LOVE/CRUSH
#8 LETTER TO YOUR FAVOURITE INTERNET FRIEND
#9 LETTER TO SOMEONE YOU WISH YOU COULD MEET
#10 LETTER TO SOMEONE YOU DON'T TALK AS MUCH AS YOU'DE LIKE TO
#11 LETTER TO A DECEASED PERSON YOU WISH YOU COLD TALK TO
#12 LETTER TO THE PERSON YOU HATE MOST/CAUSED YOU A LOT OF PAIN
#13 LETTER TO SOMEONE YOU WISH COULD FORGIVE YOU
#14 LETTER TO SOMEONE YOU'VE DRIFTED AWAY FROM
#15 LETTER TO THE PERSON YOU MISS THE MOST
#16 LETTER TO SOMEONE THAT'S NOT IN YOUR CITY OR COUNTRY
#17 LETTER TO SOMEONE FROM YOUR CHILDHOOD
#18 LETTER TO THE PERSON YOU WISH YOU COLD BE
#19 LETTER TO SOMEONE THAT PESTER YOUR MINE - GOOD OR BAD
#20 LETTER TO THE ONE THAT BROKE YOUR HEART THE HARDEST
#21 LETTER TO SOMEONE YOU JUDGEG BY THEY FIRST IMPRESSION
#22 LETTER TO SOMEONE YOU WANT TO GIVE A SECOND CHANGE TO
#23 LETTER TO THE LAST PERSON YOU KISSED
#24 LETTER TO THE PERSON THAT GAVE YOUR FAVOURITE MEMORY
#25 LETTER TO THE PERSON YOU KNOW THAT IS GOING THROUGH THE WORST OF TIMES
#26 LETTER TO THE LAST PERSON YOU MADE A PINKY PRIMISE TO
#27 LETTER TO THE FRIENDLIEST PERSON YOU KNEW FOR ONLY ONE DAY
#28 LETTER TO SOMEONE THAT CHANGED YOUR LIFE
#29 LETTER TO THE PERSON THAT YOU WANT TELL EVERTHING TO, BUT TOO AFRAID TO
#30 LETTER TO YOUR REFLECTION IN THE MIRROR
(vi no blogue da jo)

3 Cubos de gelo
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Quando toda a gente começa a esquecê-lo, eis que a inês decide criar um.aquela pergunta que em que têm pensado imenso, e que nunca tiveram coragem para perguntar? Provavelmente não. Mas inventem qualquer coisinha, que eu estou mesmo muito aborrecida.

13 Cubos de gelo
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domingo, 18 de julho de 2010
As palavras não saiem e os silêncios não se expiram. Até explicar que não consigo escrever se tornou penoso. Até dizer que o nada de agora é maior que o nada de há uns tempos rasga a ferida aberta que sou. Os tratamentos agressivos com sal de nada servem e os amolecimentos com água muito menos. De nada me valem os dilaceramentos passionais ou as quebras de página. Não fui talhada para isto. Não são estes os meus pedaços de alma. Não fui feita para romper películas de aderência ou desafiar zonas de conforto. Não solidifico afectos nem diluo paixões. As alucinações de afeição são-me meros apoios de índole. Guerras de consciência entre o admissível e a demência. Não são eles os simulacros. Tornaram-se apenas mais reais que os indivíduos de que os influíram.


27 Cubos de gelo
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terça-feira, 13 de julho de 2010
Quando lá cheguei hoje estava muito chateada contigo, sabes? Até fiz cara de má, e tu que não tens medo nenhum da minha cara de má sorriste-me com esses olhos, o que tornou inevitável sorrir-te também. Nunca conheci ninguém assim, caramba. De doçura até à ponta dos cabelos. Delicadeza bruta. Descrevia-te em todos os meus textos, mesmo antes de te conhecer. Senti-me tão próxima de ti quando te ouvi falar pela primeira vez. "já nos conhecemos antes?" perguntaste quando o meu encanto por os teus jeitos se tornou demasiado óbvio. Queria responder-te que sim. Que nos conhecemos em sonhos e que mantenho pedaços de ti guardados em gavetas ou espalhados pelo chão. Não o disse, por a distância mental que ainda nos separava. A distância mental que não nos separa mais. O amor retirar-nos-ia a singularidade, mancharia o que me és, mas era bem capaz de te amar.


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Quando lá cheguei hoje estava muito chateada contigo, sabes? Até fiz cara de má, e tu que não tens medo nenhum da minha cara de má sorriste-me com esses olhos, o que tornou inevitável sorrir-te também. Nunca conheci ninguém assim, caramba. De doçura até à ponta dos cabelos. Delicadeza bruta. Descrevia-te em todos os meus textos, mesmo antes de te conhecer. Senti-me tão próxima de ti quando te ouvi falar pela primeira vez. "já nos conhecemos antes?" perguntaste tu quando o meu encanto por ti se tornou demasiado óbvio. Queria responder-te que sim. Que nos conhecemos em sonhos e que mantenho pedaços de ti guardados em gavetas ou espalhados pelo chão. Não o disse, por a distância mental que ainda nos separava. A distância mental que não nos separa mais. O amor retirar-nos-ia a singularidade, mancharia o que me és. Mas poderia amar-te.


5 Cubos de gelo
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domingo, 11 de julho de 2010
Um dia agarro a tua mão e nunca mais a largo, está bem?



17 Cubos de gelo
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terça-feira, 6 de julho de 2010
- Um dia ela entrou aqui à beira das lágrimas. Não me quis contar o porquê, vim a sabê-lo mais tarde. Liguei a música e comportei-me como se fosse apenas mais um ensaio. Nessa tarde ela dançou como ninguém. O ódio tinha afluído à alma e transbordava agora na forma de movimentos soberbos. Tudo o que consegui fazer foi fixar, embasbacado. No fim, fez vénias com uma cortesia fantástica e eu rebentei a rir. Ela não entendeu. Eu ria porque era ridículo. Depois da perfeição a que tinha submetido os meus olhos, curvava-se perante mim implorando por uma apreciação que nunca poderia descrever inteiramente o que tinha acabado de fazer. Não, não te quero com ela. Fazes-lhe mal. Infectas-lhe cada veia com um veneno mortal. Não posso deixar que isso lhe aconteça. Não a ela. Ela é demasiado frágil e ambos o sabemos. Torna-se marioneta das tuas mãos. Tu és-lhe tudo, mas eu conheço-a como tu nunca a conhecerás. Cada vez que entra nesta porra de estúdio desfaz-se em bocados. Não entenderias como aquele dia lhe ficou cravado na pele. Se ao menos não tivesse sido tão perfeita – mas foi-o. Revive-o, tentando alcançar um quarto daquela excelência.  Não se vai despegar desse momento. Foi esculpida pela dor naquela perfeição de movimentos e é por esse motivo que serás sempre uma peça fundamental na sua sanidade. Quebraste-a e ela nunca recuperou totalmente. Desse jeito, será sempre tua. Serás sempre a pessoa que a fez superar-se a si mesma. Serás sempre ele.

(este blogue acabou de se tornar ainda mais pessoal)

23 Cubos de gelo
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sábado, 3 de julho de 2010


(...)
- São os teus olhos. Tão escuros que me vejo neles. Tão escuros como andavas tu quando te conheci. Por vezes, quando a luz lhes embate numa recta oblíqua ou alguém te aquece o coração ficam castanhos claros de reflexos dourados. Gosto quando te faço rir porque posso observar de perto essa mudança de tonalidades. Já me disseram tanto, sabes? Esses beaver eyes.
- Só tu é que lhes chamas isso.
- Só eu é que os vejo como eles são, castor.



10 Cubos de gelo
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sexta-feira, 2 de julho de 2010
Tu achas sempre, nessa tua ingenuidade de criança perdida, que eu me esqueci de ti. Tontinha. Lembro-me de ti sempre que saio à rua e passo por o pequeno jardim onde te deitavas. Lembro-me de ti sempre que vejo a flor lá. É a única flor daquele campo verdejante. Uma pequena papoila de vermelho vivo em quem nunca repararia se não fosse o teu contagiante entusiasmo ao encontrá-la. Pediste-me que olhasse, mesmo quando sabias que já estava a olhar. Querias assegurar-te que eu reparava. Custou-te tanto aquele dia, jasmim.
- Quero arrancá-la para te dar. Eu sei que ela vai morrer. Eu não a quero matar Inês, mas eu sei que ela ia gostar muito de estar contigo um bocadinho, mesmo que morresse a seguir. Ela ia gostar muito, ias ver.
Não te respondi. Ficaste a olhá-la, de tristeza infiltrada no coração. Estavas prestes a chorar mas não o fizeste. Não estranhei. Querias mostrar-me como te era importante e aquela situação frustrava-te tanto. Envolvi-te num abraço silencioso e ficámos a olhar aquela papoila que naquele dia não me deste para a mão mas que deste, em silêncio, por entre soluços. Aquela flor ainda me pertence, sabes?